domingo, 1 de maio de 2016

PMDB SE VESTE DE PSDB E FRAUDA SUA PROPOSTA ELEITORAL


Na eleição em que Dilma se elegeu, a população escolheu dois modelos de gestão para o país para decidir nas urnas - em segundo turno - qual queria. O PT e o PMDB foram taxados de defender o Estado provedor, que, como bem observou o historiador Lincoln Secco, se traduzia em conciliação de classes, maior participação no fomento de mercado, que os opositores chamavam de intervenção, enfim. 

O PSDB, que formou uma chapa puro sangue com Aloysio Nunes, quando Aécio disse que não encontraria melhor nome em outro partido, falava em um "Estado Mínimo", que consistia em diminuir os espaços públicos e ampliar os privados. Foi essa a tônica da campanha eleitoral,. dos debates, das análises feitas por especialistas em emissoras de TV, enfim, foi isso.

No meio do caminho surgiu a Operação Lava-Jato, e uma sonora crise econômica que tem feito absurdos com as conquistas sociais que o país teve. A nossa Constituição não prevê um recall de presidente, nem tampouco pode-se dar como "vontade popular" o que se extrai de pesquisas de opinião pública para este fim, já que a representatividade política se dá por meio do voto direto nas urnas.

O fato é que o PMDB, justo ele que defendeu a mesma plataforma que o PT, já que compunha a chapa e foi às ruas pedir o voto, simplesmente mudou de ideia programática. Até pode fazer isso, mas, da forma como está ocorrendo, frauda o que defendeu na eleição junto com o PT. Assumir no lugar da Dilma não significa que Temer deva implementar outro modelo de gestão, mas aperfeiçoar o que defendeu na eleição. Para alterar o estado das coisas, há que se fazer em nova eleição e deixar que novamente o povo decida.

Moreira Franco, que será o homem forte de Temer num eventual governo se afastamento de Dilma acontecer, em entrevista ao Valor deste fim de semana disse que "O Estado pode ser financiado por concessões". Alto lá. Primeiro que não se pode dizer ser um governo definitivo para cumprimento do mandato, já que cumprirá primeiro o período de "afastamento" até que o impeachment seja julgado, portanto, o PMDB fará o que o PSDB disse que faria na eleição e não contou com a aprovação da maioria. Isso se chama fraude eleitoral. Ou não?

Se o PMDB já fez sua primeira concessão ao mercado negociando com o PSDB seu voto no processo de impeachment -, por um modelo de gestão que ele mesmo combateu na eleição, isso precisa ser rediscutido com a sociedade. Não cabe um discurso de ocasião, uma atitude intempestiva. A crise se deu por razões da corrupção ou pela forma como o Governo encaminhou suas soluções na economia? Porque se foi pela primeira vertente, o caso é com a Justiça; se pela segunda, reitero: cabe a população decidir, não o PMDB.

Se o Estado deixará de ser "provedor" e passará a ser "mínimo", há que fazer o caminho de volta para dialogar isso com a maioria da população, porque nas urnas ela escolheu o modelo que o PT e o PMDB defendiam, como agora, sem ser por meio do voto direto, se aplica o modelo tucano? Não discuto o mérito do impeachment, já disse isso, nem mesmo se este ou o outro modelo de gestão é o melhor, mas falo sobre esse cavalo-de-pau que o PMDB está dando na escolha do seu eleitor na última eleição, justamente quando pretende ser alçado ao Poder por meio de um afastamento de Dilma.
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21h07min.    -     adelsonpimenta@ig.com.br


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