quarta-feira, 31 de agosto de 2016

PÓS-IMPEACHMENT: DIRETORIAS DA ELETRONUCLEAR EM JOGO


Conselho de Administração da Eletronuclear - ETN,  deverá se reunir no próximo dia 08/09. Na pauta, a indicação de nomes para substituição em duas diretorias: Planejamento, Gestão e Meio-Ambiente; e  Administração e Finanças. Consta que a deliberação será sobre uma possível substituição de Leonam dos Santos Guimarães por Roberto Peixoto; e de Rogério Aranha por Jorge de Bessa Pinto.

Numa articulação que intuo ser política, essa questão será pós-impeachment da Presidente Dilma Roussef, aprovado há pouco pelo Senado. Com isso, mudanças importantes podem ocorrer na linha de comando da Eletronuclear - responsável pela Usina Angra I e II e pela construção suspensa da terceira. É essa empresa a autoridade no assunto nuclear.

Desconheço quais as justificativas apresentadas para que tais substituições fossem propostas. O país passa por um momento econômico delicado e o Estado do Rio está às portas de decretar "falência" - na linguagem jurídica que isso for permitido, e o setor elétrico é um dos pontos-chave dessa equação econômica do país, ou seja, não se deve prescindir de conhecimento técnico e capacidade de soluções. A Eletronuclear, que compõe o Sistema Eletrobras, é fundamental nessa questão.

Sob denúncias e delações premiadas em investigações, o ex-presidente da empresa está preso e o Presidente interino que o substituiu foi afastado pela Justiça e exonerado e o atual Presidente foi também nomeado interinamente, mas, sobre os nomes dos dois diretores citados não pesa qualquer suspeita ou investigação. 

Rogério Aranha é funcionário de carreira do Sistema Eletrobrás, e Leonam Guimarães é funcionário concursado da Eletronuclear. E mais, em seu caso, Leonam, desde de 2010 faz parte do Grupo Permanente de Assessoria do Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica e, no último dia 14 tomou posse no Conselho de Administração da World Nuclear Association.  Estranho somente que logo neste momento em que um dos diretores da empresa está assumindo essa função de projeção internacional e tem reconhecida contribuição com a política de energia nuclear do país, possa ser substituído. 

Nada contra o nome de Roberto Peixoto, que conheço e admiro, gente do bem, é do meio acadêmico, foi responsável pelo Gabinete do deputado Fernando Jordão no mandato que exerceu na suplência do Pedro Paulo e hoje ocupa um cargo de direção na Câmara Municipal, é um quadro interessante, sem dúvida, mas a substituição neste momento causa estranheza. O outro indicado não conheço.

Se a indicação for do deputado federal Fernando Jordão, o que é possível, pode estar havendo uma antecipação pelo jogo da sucessão municipal em Angra. 
Explico: A Eletronuclear tem uma fatura à ser paga ao Município pelas contrapartidas socioambientais de Angra 3, na casa dos R$ 180 milhões, sem correções. As obras estão paralisadas, mas há expectativa de que volte a funcionar. A trama seria para diminuir as resistências e tensionamentos dentro da empresa pela liberação desses recursos. Digo isso sem saber exatamente se essa liberação depende somente da vontade dos diretores; o que não creio. 

Fernando, se for dele a indicação, mostra que tem cacife político nas esferas de negociação partidária - e faz isso na condição de testemunha no processo de defesa do deputado Eduardo Cunha no STF. Fernando também está recorrendo de uma impugnação da Justiça Eleitoral, que foi pedida pelos adversários. 
Tem muita coisa em jogo.

Vamos aguardar para ver como se pronunciará o Conselho de Administração da ETN, o que dirá o deputado, caso tenha sido dele essa indicação; como reagirão os adversários políticos que, neste caso, podem enxergar um aparelhamento partidário da direção da empresa; e como, finalmente, falarão à opinião pública, se falarem, os diretores da empresa e os nomes que podem substitui-los. 

Mais importante de tudo é a resposta sobre a seguinte pergunta: À que interesse atende esse processo? 
Se político: quem indica mostra força; 
Se financeiro: em razão das contrapartidas devidas ao Município, o vencedor da disputa teria o que pode ser considerado um trunfo, que seriam aliados na linha de comando da empresa; 
Se econômico: resta dúvida sobre a capacidade dos indicados num processo de discussão globalizado, integrado e de altíssimo nível de conhecimento e que envolve mais que só a particularidade financeira local, mas o interesse econômico e estratégico nacional.

Com a palavra os envolvidos na trama.
É o jogo!
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15h58min.    -    adelsonpimentarafael@gmail.com

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